Elemento surpresa



Livia acordou cedo. Na verdade, nem dormiu direito na noite anterior, acordava de hora em hora, de tão ansiosa que estava para seu compromisso, e enquanto dormia, tinha todos os tipos de sonhos com ele, desde os mais bobinhos aos que o horário não me permite comentar. Pulou da cama quando o despertador tocou, e apesar de ainda ser cedo, seu humor não poderia estar melhor.


Foi até a cozinha, cantarolando uma música nem um pouco propícia ao momento. Beatles. All you need is love. Começou a preparar seu café da manhã, pensando na na quantidade de líquidos e fibras que deveria ingerir para não lhe causar problemas mais tarde. Enquanto comia, fazia sua programação do dia. Tinha fazer tudo no tempo certo, já que depois teria que caminhar para encontrá-lo, e precisava de tempo extra para isso, se não, o que ele ia pensar se a visse toda suada e nojenta?

Aproveitando o assunto suada e nojenta, se apressou e foi tomar banho, já escolhendo mentalmente sua melhor roupa e claro, sem esquecer o perfume que ele comentou que gostava. Se trocou e partiu para o mundo da maquiagem. Tinha que ficar bonita, mas sem exagerar. Era dia, um consultório, não rolava ir toda trabalhada, tinha que ser o mais natural possível. Pronta, se olhou no espelho, deu uma risadinha para si mesma, juntou seus pertences em sua bolsa, e seguiu para seu “encontro”. Se fosse em um dia normal, estaria revoltada por ter de andar a pé, mas hoje não tinha problema. A alegria era tanta que até comprou um sorvete no meio do caminho.

Chegando em seu destino final, se identificou, esbanjando simpatia para as recepcionistas. Feito isso, disseram a ela que aguardasse até ser chamada. Resolveu ler, tinha chegado cedo mesmo, pelo menos assim o tempo passava mais depressa. Uma, duas, três revistas, e Livia já sabia tudo sobre a economia, os resultados dos últimos jogos de futebol, o resumo da sua novela preferida, as novas tendências de moda, fora os vencedores do oscar.

E então, a porta da sala abriu. Medo. Frio na barriga. Borboletas. Medo. Sai uma senhorinha da sala, toda sorridente, e automaticamente, Livia acompanha a risada. Lívia Costa, ele anuncia. Epa. Voz estranha. Ela automaticamente olha para a porta, a boca abrindo, incrédula. Na porta está escorado um homem, meia idade, cabelos grisalhos, alguns quilos a mais. Alguma coisa estava errada. Mecanicamente, levantou e caminhou em direção a porta. Ao passar por ele, - Boa tarde senhorita Lívia. Hoje o doutor Emerson não pode vir, e estou aqui para substituí-lo.



Primeira crônica da minha vida, pra aula de introdução ao jornalismo.

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